Imagine que você quer ordenar por peso alguns sacos de areia sem ter uma balança disponível. Você pode levantar cada um deles e estimar o seu peso ou pode comprar 2 a 2 e ir ordenando localmente até que o todo esteja ordenado. Essa segunda estratégia resume bem a técnica chamada de comparative judgement, ou julgamento comparado.
A premissa fundamental do julgamento comparado é a de que seres humanos, em muitas situações, são melhores em comparar duas entidades uma em relação à outra do que fazer julgamentos absolutos, atribuindo algo como uma nota, especialmente quando o critério em vista não pode ser colocado de forma objetiva ou precisa.
Isso vem sendo aplicado academicamente, em diversos contextos, desde a década de 1920. Especificamente em Educação Matemática, um grupo de pesquisadores britânicos exploraram recentemente o uso dessa técnica para avaliar questões de natureza mais conceitual, uma vez que estas costumam ter uma formulação mais aberta, o que dificulta a correção com base em um conjunto de orientações. A ideia é a seguinte:
Em [1] você encontra três exemplos similares a este discutidos em profundidade.
Alguns pontos precisam ser esclarecidos:
Os aspectos técnicos sobre o funcionamento da técnica podem ser lidos em [2], mas algumas características interessantes e sistematicamente reportadas na literatura acadêmica são:
A técnica me chamou a atenção em um evento na Inglaterra e decidi utilizá-la para validar uma parte do instrumento que vou usar na minha pesquisa de pós-doutorado, mas isso fica para o próximo post.
[1] BISSON, M.-J. et al. Measuring Conceptual Understanding Using Comparative Judgement. International Journal of Research in Undergraduate Mathematics Education, v. 2, n. 2, p. 141–164, jul. 2016.
[2] POLLITT, A. The method of Adaptive Comparative Judgement. Assessment in Education: Principles, Policy & Practice, v. 19, n. 3, p. 281–300, ago. 2012.
Eu já tinha comido cannoli algumas vezes, mas fiquei encantado em Genova, quando provei o cannoli de um bar que se declarava siciliano: massa sequinha, leve e crocante e um recheio que não devia ser mais do que ricotta (não a brasileira, mas a versao mais pastosa do sul da Itália) e açucar (o "sabor" influenciava apenas em umas lasquinhas que era colocadas na ponta do doce). Uma delícia!
Inspirado por essa matéria da Veja SP, decidi caçar essa iguaria em Sampa.
A primeira tentativa (Gioia café) foi frustrante, pois peguei o lugar fechado duas vezes em horários que o Google Maps achava que ele estaria aberto.
A segunda foi no Zena Caffè. O lugar é bem metidinho e tem um clima bem gourmet, que não bate com a minha expectativa de uma comida tradicional do sul da Itália, mas tudo bem. O cannoli estava bom, mas tinha seus problemas. Massa muito firme, recheio com pouco gosto de queijo e foram servidos (são 2 por prato) em cima de uma bolinha do recheio (pura decoração), que acabou por amolecer a parte de baixo da massa.
A terceira veio meio por acaso e não está lista da Veja SP, mas deveria: Cannoli Don Biondo. Encontrei a barraquinha na feira de domingo no Parque da Independência. A barraca chamou a atenção por estar totalmente vazia (nenhum produto "de mostruário"). Bom sinal, pois o cara deve montar na hora. Batemos um pouco de papo com o Luís, que parecia saber do que estava falando e aumentou minha curiosidade quando mencionou que faz a própria ricota. Um ponto que quase me desanimou foi o fato dele oferecer muitos sabores, do tradicional ricotta a coisas como nutella e maracujá. Como sou um tanto purista com comida italiana, torci um pouco o nariz, mas o prospecto de comer um canolli montado ali na minha frente com recheio de ricotta me convenceu.
E vale muito a pena!
O recheio é super gostoso (o limão siciliano sobressai, mas sem ficar muito forte) e ainda tem o sabor da ricotta e a massa estava impecável! Pra coroar, o preço era bem razoável.
Recomendo muito!
Eu conheci o financier na Adélia Boulangerie, em Campinas. Trata-se de um bolinho pequeno, mais ou menos do tamanho de um cup cake, mas com massa de farinha de amêndoas e nenhuma cobertura ou recheio, apenas o bolinho. E achei uma delícia!
Chegando em casa, achei uma receita em um dos meus sites de receita favoritos, o The Kitchen Lioness.
Já repeti a receita algumas vezes e o único ajuste que precisei fazer foi na temperatura do forno (normalmente precisa ser mais alta em fornos típico brasileiros, com chama e sem ventilador interno. Chegue abaixo a minha versão:
100 g farinha de amêndoas
200 g açucar branco comum
6 claras de ovos grandes
90 g farinha de trigo
170 g manteiga sem sal
Unte 15 forminhas de cupcake (ou em outro formato, mas com volume parecido - a Adélia Boulangerie usa uma forminha mais comprida e dizem que existem forminhas específicas para esse tipo de bolinho, mas eu não conheço) e coloque-as na geladeira.
Derreta a manteiga em uma panela até que comece a escurecer. Desligue o fogo e reserve.
Junte a farinha de amêndoas e açucar em uma panela. Misture de modo a quebrar os pelotinhos de farinha de amêndoas. Acrescente as claras e aqueça em fogo médio por cerca de 2 minutos, mexendo bem o tempo todo. Desligue o fogo e adicione a farinha de trigo pouco a pouco (usar uma peneirinha não é uma má ideia), incorporando. Adicione a manteiga derretida e mexa até incorporar. A massa deve ficar mole.
Deixe a massa esfriar em ambiente aberto por 1 hora.
Pré-aqueça o forno a 255 graus. Distribua a massa nas forminhas e asse por 20 minutos na prateleira mais alta do forno. Os bolinhos devem ficar dourados e com o centro elevado.
O bolinho é uma delícia pra comer sozinho, acompanhado por um café, mas também funciona muito bem com um pouco de geléia a cada mordida!
Fui convidado a dar uma oficina sobre Scratch na Unesp de Rio Claro e montei uma apresentação bastante simples para usar ao longo da oficina. Como fiz com pandoc e beamer, achei que valia a pena compartilhar. Pra quem não consegue o processo, sugiro uma olhada nesse outro post.
Dessa vez, eu usei o tema focus, que é bem simples e elegante. Ele funcionou diretamente. Só não consegui usar o slide de destaque, mas isso não chegou a fazer falta.
Você pode baixar tanto o pdf final quando o arquivo em markdown que gerou a apresentação.
O único problema que eu enfrentei dessa vez tem a ver com o uso de caracteres especiais em português. O pdf não compilava de jeito nenhum até eu forçar o uso do xelatex como engine. Para poder fazer isso, tive que instalar o pacote texlive-xetex e depois acrescentar um parâmetro na compilação:
pandoc arquivo.md -t beamer --latex-engine=xelatex -o slides.pdf